saturno

É de se respirar profundamente ao receber a notícia que o tempo ficará direto, que ele toma novamente seu curso, assim o é, saturno fica direto em sagitário.

Um dos trânsitos que procurei observar com calma, quando lá chegou, muito me preocupei com o levante de falsos profetas que ganhariam espaços. Capturando almas em sofrimento diante de uma esperança, a salvação doentia e manca, o passar de tudo, o respirar no reino dos céus.

Elos que se constroem em benefício de um ponto agudo, da micropolítica do poder. Uma vez que eu te salvo, você automaticamente está em dívida eterna, algo impagável.

Saturno o tempo, na astronomia uma órbita impecável, mantem seus 90° por todo seu movimento em relação à eclíptica. Frio e seco, nu e cru, com suas 63 luas, vai passo a passo, grau a grau, dançando sua reservada harmonia do tempo.

Sagitário, o guerreiro em seu cavalo que pela frente encontra o infinito do horizonte, o desejo de ir cada vez mais além. Compondo conquistas entre as flâmulas mutáveis de fogo, para ele não há o impossível, há o desejo de justiça e há o desejo de saber mais e mais, como se a curiosidade fosse o alimento do seu fogo.

Nesse encontro um dos grandes desejos silenciosos de saturno era cortar asas, descer a lâmina fria e afiada e cortar horizontes, como acabar com instituições de ensino e derrubar o estado laico – e aqui me referindo as questões religiosas, principalmente as de matriz africana.

Quanto ao estado não opinar e render um real estado laico: – pelo menos no Brasil, não encontro essa visão no horizonte. Temos hoje em nossa política a bancada evangélica no poder, tomando espaços e decisões que massacram em pontos delicadas.

E agora, saturno ralenta, estaciona e segue direto ao encontro de capricórnio, mas ainda em sagitário, ficamos com um cenário desolador. Um amontoado de decomposições pela dissonância entre saturno e sagitário.

O tempo “volta” a combinar com nosso relógio, a velocidade das coisas tende a ficar compatíveis com os desejos. A censura que norteou todo esse trajeto deixa suas marcas e avisos que nunca deixou de existir.

Aguardar agora sua postura limitadora ir desabusando de sagitário, ir desabusando do desejo esmagador de ressacar justiças.

Que siga em tempo para destrancar portas e alargar o horizonte, para que a força que ainda resta do arqueiro guerreiro sobre o cavalo faça Axoxô[1]! Que provoque as bases e produza tremores suficientes para baixar guardas e desmontar o necessário.

– postado originalmente em Agência Cósmica de Inteligência

[1] Axoxô: em Yorubá feitiço. No mito sobre Oxóssi, há uma passagem onde ele faz o Axoxô e com ele, apaga o sol por um segundo e assim conquista sua caça e avança em silêncio pela floresta.